O Rumble, uma plataforma de compartilhamento de vídeos semelhante ao YouTube, ganhou destaque recentemente ao entrar com uma ação judicial nos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.
A ação, movida em conjunto com o Trump Media & Technology Group, alega que o ministro violou a soberania americana ao ordenar o bloqueio de contas de usuários nos EUA. Este artigo explora o que é o Rumble, seu histórico, e os detalhes e implicações da ação judicial contra Alexandre de Moraes.
O que é o Rumble?
Fundado em 2013 no Canadá, o Rumble é uma plataforma de compartilhamento de vídeos que se apresenta como uma alternativa ao YouTube. Com uma interface semelhante à do concorrente, o Rumble permite que os usuários enviem, hospedem e monetizem seus vídeos.
A plataforma ganhou popularidade entre grupos conservadores a partir de 2021, especialmente após a invasão do Capitólio nos Estados Unidos por apoiadores do então presidente Donald Trump. Nesse período, diversas plataformas tradicionais intensificaram a moderação de conteúdo, levando usuários a buscarem alternativas como o Rumble, que se posiciona como defensora da liberdade de expressão.
Crescimento e Parcerias Estratégicas
O crescimento do Rumble foi impulsionado por parcerias estratégicas e investimentos significativos. Em 2021, a plataforma recebeu financiamento de investidores proeminentes, incluindo Peter Thiel, cofundador do PayPal e conhecido por seu apoio a causas conservadoras.
Além disso, o Rumble firmou uma parceria com o Truth Social, a rede social lançada por Donald Trump, fornecendo serviços de hospedagem e distribuição de conteúdo. Essa colaboração fortaleceu a presença do Rumble entre o público conservador e ampliou sua base de usuários.
Conflitos com a Justiça Brasileira
A relação do Rumble com as autoridades brasileiras tem sido marcada por tensões. Em dezembro de 2023, a plataforma suspendeu suas operações no Brasil em resposta a decisões judiciais que ordenavam o bloqueio de perfis e a remoção de conteúdos considerados extremistas ou disseminadores de desinformação.
O CEO do Rumble, Chris Pavlovski, afirmou na época que a empresa discordava das exigências da Justiça brasileira, considerando-as uma ameaça à liberdade de expressão.
Após mais de um ano fora do ar, o Rumble retomou suas atividades no Brasil em fevereiro de 2025. A decisão de retornar ao mercado brasileiro foi vista como um movimento estratégico para reconquistar usuários e reafirmar seu compromisso com a liberdade de expressão, apesar dos desafios legais enfrentados anteriormente.
Ação Judicial contra Alexandre de Moraes
Em fevereiro de 2025, o Rumble e o Trump Media & Technology Group entraram com uma ação judicial em um tribunal da Flórida, nos Estados Unidos, contra o ministro Alexandre de Moraes.
A ação alega que o ministro do STF violou a soberania americana e as proteções à liberdade de expressão garantidas pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA ao ordenar o bloqueio de contas de usuários sediados no país.
Especificamente, a ação contesta as ordens de suspensão de contas de influenciadores conservadores, como Allan dos Santos, que residem nos Estados Unidos.
Os autores do processo argumentam que as ordens de Moraes constituem censura ilegal e buscam uma decisão judicial que declare tais ordens inexequíveis em solo americano. Além disso, a ação solicita medidas cautelares permanentes para proteger a “soberania digital” dos Estados Unidos e impedir que autoridades estrangeiras imponham restrições que afetem plataformas e usuários americanos.
Implicações Legais e Políticas
A ação judicial movida pelo Rumble e pelo Trump Media & Technology Group levanta questões complexas sobre jurisdição, liberdade de expressão e relações internacionais. Especialistas jurídicos apontam que o caso pode testar os limites da aplicação extraterritorial de decisões judiciais e a capacidade de autoridades estrangeiras de influenciar plataformas sediadas nos Estados Unidos.
Além disso, o processo destaca as diferenças nas abordagens de moderação de conteúdo e proteção à liberdade de expressão entre países.
No Brasil, o ministro Alexandre de Moraes tem sido uma figura central em ações contra a disseminação de desinformação e discursos de ódio, ordenando o bloqueio de contas e a remoção de conteúdos considerados prejudiciais à ordem democrática.
Essas medidas, embora apoiadas por alguns setores da sociedade, têm sido criticadas por outros como excessivas e potencialmente censórias. A ação nos Estados Unidos pode, portanto, intensificar o debate sobre os limites da liberdade de expressão e o papel do Judiciário na regulação de conteúdos online.
Repercussões Internacionais
A iniciativa do Rumble e do Trump Media & Technology Group de processar um ministro do STF brasileiro em um tribunal americano é um evento sem precedentes e pode ter repercussões significativas nas relações diplomáticas entre os dois países.
O caso também pode servir como precedente para outras plataformas e empresas de tecnologia que enfrentam ordens judiciais de países estrangeiros, influenciando a forma como as questões de jurisdição e liberdade de expressão são tratadas no contexto global.
Considerações Finais
O Rumble emergiu como uma plataforma alternativa de compartilhamento de vídeos, atraindo principalmente usuários conservadores que buscam espaços